Vivências
Este é o momento em que os encontristas, divididos em grupos, vão visitar alguma comunidade, movimento social ou espaço cultural daqui da região, para conhecer as diferentes realidades e contextos que vivemos
Associação dos Moradores da Vila da Barca:
Uma das maiores favelas construída sobre palafitas da América Latina, a Vila da Barca é uma comunidade localizada nas margens da Baía do Guajará, no bairro do Telégrafo, periferia de Belém. Resistindo desde a época de decadência do ciclo da borracha, a ocupação da área teve início na década de 1920, servindo de moradia para trabalhadores de fábricas e famílias de agricultores e ribeirinhos que vinham do interior do estado comercializar seus produtos na capital.
Quando maré alta, a água corre por baixo das palafitas. Quando maré baixa, sobra a lama da várzea. Abandono, violência e preconceito foram enfrentados por muito tempo pela Comunidade onde, quase cem anos depois, pouca coisa mudou. Em resistência à falta de políticas públicas, surge a Associação de Moradores da Vila da Barca (AMVB), uma organização comunitária que busca desenvolver ações para a melhoria da qualidade de vida dos moradores.
Associação Folclórica e Cultural Colibri de Outeiro:
Mais conhecida como Outeiro, a Ilha de Caratateua está distante cerca de 25km do centro de Belém. Nela há belas praias, bares, restaurantes e balneários, refúgios dos belenenses em feriados e dias de calor intenso. Mas também, há uma outra realidade: a excludente. Infelizmente, a falta de políticas públicas de urbanização e segurança tem feito de Outeiro um dos pontos críticos da cidade de Belém.
Mas nem tudo está perdido. A Associação Folclórica e Cultural Colibri de Outeiro busca divulgar uma das maiores expressões da cultura popular paraense: o cordão de pássaros. Nela funcionam um cinema comunitário, uma minibiblioteca, o Ponto de Cultura Ninho do Colibri, o Projeto Point Colibri de Comunicação e um acervo museológico. A associação é um ponto de resistência dos moradores, num local marginalizado pelos órgãos públicos competentes.
Escola de Teatro e Dança da UFPA:
Um dos espaços de promoção da arte e formação de artistas no Pará, a Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA) existe há mais de 50 anos. Com objetivo de promover ensino, pesquisa e extensão das artes cênicas, dança e cenografia no estado, a Escola se preocupa em formar profissionais para a produção de conhecimento e para o mundo do trabalho mediante a apresentação de espetáculos. Nela são ofertados diversos cursos de níveis básico, técnico e tecnológico, superior e de pós-graduação.
Pouso do Aracanga:
Localizado na região periférica do município de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, o Pouso do Aracanga é uma ocupação em um empreendimento abandonado pertencente ao projeto Minha Casa Minha Vida, de parceria entre o Governo Federal e a prefeitura. Nela sobrevivem cerca de 1.300 famílias, ameaçadas de ordem de despejo, sem infraestrutura adequada para residência, gerindo o lugar de forma autônoma - com aparelhos de cultura, educação e associativismo -, resistindo pelo direito à moradia. Nessa perspectiva, foi criada a Associação de Moradores do Pouso do Aracanga.
Espaço Art Ato:
Usar a arte como resistência. Essa é a grande sacada do Espaço Art Ato, localizado bem centro de Belém. O espaço oferece rodas de conversas, estúdio de tatuagem e piercing, galeria de cerâmicas, trançado estético, oficinas, música e outras coisas. Que tal bater um papo sobre empreendedorismo independente e de resistência na Amazônia?
Grupo de Mulheres do Benguí:
Fundado em 1986, o Grupo de Mulheres Brasileiras do Benguí foi pensado para reunir, em datas comemorativas, as mulheres do bairro periférico da Nova Belém. Mas, a violência e a falta de acesso à saúde fizeram com que as mulheres do Grupo começassem se organizar em busca de soluções para esses dois grandes problemas da área.
O Grupo realiza atividades de combate à violência contra a mulher, saúde e trabalho e renda. Assim, são desenvolvidos debates, encontros, oficinas, reuniões, campanhas, atendimento e encaminhamento de vítimas de violência aos órgãos competentes, além do monitoramento e proposição de políticas públicas para o público feminino do bairro do Benguí.
Tela Firme:
A Terra Firme é um bairro periférico não tão distante do centro de Belém e constituído por uma grande ocupação de movimentos de luta popular, com apoio de entidades e movimentos sociais. Uma dessas organizações é o Tela Firme, um projeto de produção audiovisual desenvolvido no bairro, sendo um ponto de resistência em um dos locais da cidade onde a juventude negra vem sofrendo grandes ataques.
O Tela Firme busca refletir a luta do povo e da área para construir, significar e ressignificar seu território. É um coletivo de comunicação popular formado predominantemente por jovens que, através do audiovisual, mostra a beleza, a diversidade e a complexidade da periferia, além de cobrar políticas públicas necessárias para a dignidade de vida da comunidade.
Espaço Cultural Nossa Biblioteca:
O bairro do Guamá é o mais populoso de Belém, mas também, um dos mais violentos. Já foi, inclusive, palco de chacinas provocadas por milícias, em que os alvos dos carros preto ou prata são sempre jovens pobres e negros. Mas o Guamá, nas margens do rio de mesmo nome, também é um bairro de resistência.
O Espaço Cultural Nossa Biblioteca (ECNB) surgiu, há 40 anos, com atividades de apoio pedagógico e lúdico para crianças em situação de rua. A organização incentiva a leitura, a busca pelo conhecimento e a democratização do livro, pela melhoria da qualidade de vida na Amazônia e para construir um Guamá de leitores. No Espaço também são realizadas atividades do movimento popular.
Escola Brigadeiro Fontenelle:
Situada no bairro da Terra Firme, periferia de Belém, a Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle tem um histórico de lutas e resistências. Estudantes e professores já realizaram mutirões, campanhas e ocupações na escola, que conta com um cineclube e um projeto de Comunicação, no qual seus estudantes aprendem a gravar e editar vídeos.
Ocupação G4:
Depois de várias opressões vivenciadas por estudantes e moradores do entorno da UFPA, frequentadores da instituição, a sala 4 do bloco G do antigo pavilhão de aulas da UFPA foi ocupada, em maio deste ano. A Ocupação G4, como ficou conhecida, tem o objetivo de construir um espaço de resistência, troca de saberes, circuito cultural e acolhimento social das comunidades populares e de grupos de resistência LGBTQI+, negros e de mulheres. O espaço ocupado conta com ações e intervenções sociais para a autogestão e a autonomia dos grupos de resistência, como oficinas, exposições, rodas de conversa, apresentações artísticas e outras atividades.